Voltou a circular na internet, a informação de que 80% da população é imune à Covid-19. A COAR verificou a informação e constatou que é falsa. Pois, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda não há estudos suficientes sobre o novo coronavírus para confirmar quem pode ter imunidade sobre a doença ou não.
Um dos perfis que ajudou a disseminar essa desinformação foi o do investidor e empresário brasileiro, Winston Ling, que tem 81,9K de seguidores no Twitter. Ele fez várias publicações com base nos dados de uma matéria da Frontliner. Eis o primeiro dos tweets:

Uma das bases teóricas para a matéria publicada no Frontliner é o estudo Targets of T Cell Responses to SARS-CoV-2 Coronavirus in Humans with COVID-19 Disease and Unexposed Individuals, publicado em meados de maio na revista científica Cell, da Elsevier. Nele é sugerido que entre 40% e 60% das pessoas não expostas ao Covid-19 têm resistência devido à imunidade adquirida por terem tido contato com outros tipos de coronavírus. O estudo basicamente pegou o sangue de alguns doadores que havia sido doado entre 2015 e 2018 e o expôs ao novo vírus.
As células sanguíneas, após serem expostas, apresentaram uma reação ligada ao sistema imune do corpo. Especula-se que, devido ao contato que os doadores possam ter tido com algum tipo de coronavírus, o sangue tenha desenvolvido uma proteção ao Covid-19. A hipótese não é infundada. É provável que o contato anterior com alguns tipos mais leves de coronavírus tenham feito aquelas células desenvolverem uma certa defesa ao Covid-19, porém isso ainda não foi plenamente confirmado e ainda trata-se de uma hipótese.
Diante de tantas polêmicas e discussões sobre o assunto, a COAR entrevistou o médico infectologista, Carlos Henrique Nery Costa, que explica sobre o estudo publicado na revista Cell.
“O que a pesquisa publicada na revista Cell do Instituto La Jolla, na Califórnia, mostrou foi que uma proporção daquela específica e limitada população tinha imunidade. Chamamos isso do tipo celular não detectada por anticorpos para outros coronavírus. E a partir daí vem toda uma série de especulações sobre o quanto essa imunidade existiria nas diversas populações globais.”
O infectologista alertou que os números citados no estudo não devem ser levados em conta. A informação, porém, não quer dizer que assintomáticos não transmitam à Covid-19 adiante de forma alguma.
É importante ressaltar que o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom, veio a público, no dia 10 de junho, confirmar isso (o que foi dito anteriormente), alertando sobre a necessidade de mais estudos sobre o tema para confirmar algo de fato.
Em caso de qualquer dúvida você pode entrar em contato com nossa equipe pelo WhatsApp: (86) 99517-9773 ou pelo Instagram @coarnoticias que verificaremos para você.
Por: Jackelany Vasconcelos e Guilherme Cronemberger
Edição: Wanderson Camêlo
Referências da COAR: